sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sobre a [con]fusão das disciplinas no Ensino Médio

Ontem foi divulgado que o Ministério da Educação prepara um novo currículo do Ensino Médio, propondo que as atuais 13 disciplinas sejam distribuídas em apenas quatro áreas (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagem e Matemática).


"a proposta"
Algumas considerações preliminares:

Conversando ontem, via facebook, com a professora Cristiane Pepe, concordamos que o Ministério gosta mesmo é de investir dinheiro em propagandas e marketing, com materiais superficiais, contendo erros grotescos, recheados de menções preconceituosas e excludentes, erros, muitas vezes, inadmissíveis, já que são elaborados por assessores de equipes gigantes, que certamente recebem muito bem para fazerem o que fazem.
A estratégia de fusão das disciplinas, em quatro grandes áreas, tem grandes chances de não dar certo, tendo em vista que o investimento em formação dos gestores e professores, não será na mesma proporção que essa impactante alteração curricular, proposta para este nível de ensino.
Além disso, nenhuma intervenção pedagógica deve estar centrada ou associada a coisas, objetos. Isso beira os moldes da política do pão e circo. Distribuição de notebooks, tablets, bicicletas ou kits escolares, por exemplo, não dão conta de garantir a melhoria da educação básica. Não da forma proposta, de forma isolada, sem outras dimensões sendo investidas em paralelo.
Portanto, sem repensar a concepção de educação, a partir dos projetos pedagógicos das escolas; sem repensar a gestão escolar; sem investir intensamente em melhores condições de trabalho e na formação docente; sem garantir essas mudanças, estruturais, não alcançaremos melhores resultados no famoso IDEB- Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, nem aqui em Alagoas, nem em qualquer outro estado brasileiro. Continuarão baixos, pífios, exatamente como são os materiais produzidos em larga escala, pelo MEC & seus "consultores" associados.

Questões para nortear o nosso debate:

  1. O que pensam sobre essas questões pontuadas?
  2. O que acharam dessa nova proposta para o Ensino Médio?
Antes de responderem, leiam a matéria, na íntegra clicando aqui.

Comentem! Precisamos dialogar mais, em tempos de greve. O cenário é inspirador. Estamos muito saudosos das discussões, das mesas redondas, dos encontros do Programa!

Espero que participem!

Um forte abraço!

12 comentários:

  1. Ju estava doida pra ver alguém falando sobre isso hoje, muito melhor uma Doutora em Educação como você. Show a sua pílula para reflexão, eu como pedagoga pensei logo, e os professores Meu Deus... mais uma vez longe das decisões, longe das discussões e culpados pelo insucesso! Vou compartilhar, mais tarde hoje postei algumas coisas... vamos deixar respirar o assunto. Bjos

    G. Assunção via Facebook

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    1. Gi, muito obrigada pelos elogios... não sou doutora ainda... risos... mas valeu pelo incentivo... vamos discutir e instigar o povo a refletir sobre essas barbaridades executadas por um Ministro da Educação, que é formado em Economia, só poderia dar nisso.

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  2. Gente, o ministro precisa mostrar serviço, e para tanto, terá que fazer algumas mudanças na Educação. Por certo essas não visam beneficiar o alunado; se assim fosse, nós professores seriamos convidados para participar das discussões e contibuir significativamente. Infelizmente somos relegados ao segundo plano e ainda temos que digerir tais propostas. E como são indigestas. Aff!

    Acho que já estamos acostumados com esse sistema; ou melhor, com a vida estressante que levamos: ficamos chateados com o livro didático que foi escolhido e não chegou à escola; com um ano letivo incerto; com as reformas repentinas e descabidas que são impostas, e por aí vai.. mais uma vez, cadê a preocupação com o alunado?!

    Uma verdade, somos muitos mas não somos fortes. A justiça e os não habilitados na área da Educação ditam as regras e nós as aceitamos passivamente. Porém amanhã seremos cobrados com gosto pela sociedade. O que fazer? Debater? Sair de cena? Que estratégia usaremos?

    A proposta será finalizada no fim do ano. Quanta pressa, não é mesmo? Por que será, hein? A reportagem menciona que os alunos da rede Pública estão 3 anos defasados em comparação com a rede Privada. E só agora viram isso, foi? Novamente teremos que dar conta do recado, e olha que nem captamos bem a proposta do ENEM.

    Uma coisa é certa, para os que estão no poder é tudo muito simples, imagino que devem pensar: os professores aprendem por osmose; são guerreiros, autodidatas! Como acreditam no nosso potencial! Como somos versáteis! Isso implica na falta de investimento na nossa formação e em baixos salários. Urge uma mudança de postura.

    Essa proposta não é nada integradora, sobretudo mostra-se superficial e imprudente. Permitirá que os alunos sejam ainda mais dispersos; também pudera, quando não há um planejamento coerente é impossível alçar voo e alcançar as estrelas. Nem mesmo Marcos Pontes ousaria fazer isso.

    Até breve!

    Abraços!

    Doris Lima

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    1. Excelente a sua análise-desabafo, Doris! O mais importante é que esse projeto não seja validado sem antes passar por um processo democrático junto a vocês professores, que são a "alma" da educação.

      Um abraço!

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  3. Eu acho que seria mais um absurdo professora. Eles parecem pensar em adequar as disciplinas nos moldes do ENEM, já que todas as Universidades já aderiram ao vestibular com o ENEM. Mas é como já foi enfatizado por você. Concordo plenamente: se não investimos em melhorar a educação dos professores, das escolas, não iremos a lugar nenhum.

    Já fica difícil dar conta dessas treze disciplinas numa situação precária que são as escolas públicas (pelo menos a que eu estudei é assim) imagine dar conta dessas disciplinas em quatro áreas? Mas um absurdo que eles decidem, sem consultar os verdadeiros profissionais da educação.

    Espero que essa proposta não dê certo.

    É verdade: precisamos de mais debates aqui no blog.

    Abraços.

    Ericka F. da Silva

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    1. Oi Ericka! Bom ver você aqui no debate! A questão não é, ou não deveria estar centrada na junção das disciplinas. Claro que isso é pra ajudar/treinar para o ENEM. Assim como os cursinhos caros e concorridos vendem promessas aos recém-advogados a passarem no Exame da Ordem. Talvez fosse o caso de se repensar no processo de aprendizagem, ao invés de focar em processos de ensinagem, via livros e conteúdos didáticos e provas avaliativas sem o menor cuidado com o que de fato as escolas dão conta de ensinar. Uma conversa longa, aqui iniciada... vamos em frente!! Abraço!

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  4. Penso que isso é uma forma do ministro camuflar as verdadeiras causas que refletem no resultado do IDEB - Indice de Desenvolvimento da Educação Básica. Isso realmente é uma proposta, mas nao para melhorar a educação no nosso país, pois para isso é necessário, em primeiro lugar,ter consciência que o único instrumento capaz de desenvolver uma nação é uma educação de qualidade para todos com investimentos na formação docente e salários justos. Sinceramente, espero que isso não seja aprovado!

    Abraços...

    Alane Medeiros.

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    1. Isso aí, Alane! Sem valorização dos profissionais da educação, não há qualquer possibilidade de elevarmos PIB nem nenhum índice que apenas mensura dados tão complexos como os processos educativos! Abraço!

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  5. Minha única preocupação foi em relação aos professores. E como fica a situação dos professores. Por até onde eu sei, muitos dão aulas em varias escolas justamente para complementar o "salário". Se diminuem a caraga horária como ficam essa questão? É complicado.=/
    Em relação ao currículo. Bem, acho interessante e legal, mas não adianta pensar em um currículo sem pensar no professor e no sistema em geral que compõe a escola. Isso é um tanto desfavorável. Se pensa no currículo mas, não se pensa no professor? Não entendo como isso acontece?

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    1. A situação dos professores, da educação básica e também da educação superior, é realmente preocupante. Continuemos em debate, e na luta, por melhors condições de trabalho! Abraço, Atilas!

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  6. Não! é incrível como o governo tenta através desse bendito sistema facilitar o lado deles e prejudicar cada vez mais o nível de educação em nosso Estado ou País. Me pergunto se ele acha que educação de qualidade é conquistada através de "fórmulas mágicas"? Estamos cada dia mais sendo cobrados em conhecimento e desenvolvimento acadêmico. Como trazer consistência e qualidade ao aprendizado do aluno, quando na verdade o ensino passa a ser cada vez uma ferramenta de comando de um sistema que tenta omitir a nossa realidade com propostas nem um pouco significantes a qualificação dos professores, para que possamos melhorar o nosso IDEB. Não concordo com tal proposta, pois está longe daquilo que de fato precisamos, como ex: PROFESSORES QUALIFICADOS, ESCOLAS BEM ESTRUTURADAS, ENSINO DE QUALIDADE!

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    1. Tomara que os professores do Ensino Médio possam votar pela não aprovação dessa nova proposta. Um abraço, querida!

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